terça-feira, 29 de maio de 2012

Seu olhar

É, eu gosto de te olhar. Mas não me faz tanta graça olhá-lo estático nas fotos, por mais espontâneo q seja o seu sorriso. Gosto de te olhar em movimento, os lábios que se movem enquanto sua voz derrete minhas muralhas, o jeito que você gesticula, o jeito que estuda as palavras antes de dizê-las. E não precisa estar falando comigo, nem olhando nos meus olhos: pode ser com qualquer um, que eu fico ali bem ao lado, parada, meio abobalhada, me concentrando nos cachos dos meus cabelos prá tentar disfarçar o fascínio quase declarado. É, é difícil não olhar... Principalmente quando eu sinto você, lá do outro lado de não sei de onde, olhando prá mim. É quase telepático: sinto um calafrio e meus olhos vão direto prá onde você está, mesmo que eu não saiba direito. E você desvia o olhar, com jeito de menino arrependido que quebrou a vidraça da vizinha... E quando vejo, você já está perto de mim, se aproximando com a timidez de um adolescente prá dizer coisas. Que coisas? Ah, coisas, coisas... Pode ser qualquer coisa, mas a gente sempre tem que conversar. Pode ser de sapos, de pombos... Pode ser da situação caótica da educação brasileira atualmente... Pode ser da conta atrasada. Coisas, ué! Há uma necessidade constante de compartilhar, e quando a Vida nos impossibilita de fazê-lo pelo diálogo, a Vida nos dá a ferramenta do olhar. É simples assim: você olha prá mim, eu olho prá você e pronto - já dissemos tanta coisa, tanta coisa... Coisas essas que as palavras muitas vezes não conseguem expressar. Então a gente olha. Eu olho prá você. Você olha prá mim. E é por isso que tenho sentido tanto a sua falta nesses dias...

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