segunda-feira, 5 de março de 2012

"Eu estava em paz quando você chegou..."

Era o início de uma nova era, tudo era novidade. Caminhos, corredores, meus passos apressados e eu arfando com medo de chegar atrasada. Cheguei sim, um pouco, mas os trabalhos ainda estavam no início.

Todos estavam sentados num círculo, logo procurei encontrar um lugar prá mim também. Pude reconhecer alguns rostos que eu já tinha conhecido online, a grande maioria me reconheceu também. Fui me sentindo em casa, os assuntos fluíam. A ansiedade agora era saber quando iriam iniciar as pinturas.

Claro, afinal, trote que se preze tem que ter pinturas, não é???

Entre risos e assuntos diversos, do outro lado do círculo vi surgir uma figura que me chamou a atenção. O tempo parou, minha infância passou em filme projetado em seu rosto. Não sabia o que, exatamente, me hipnotizava: se era a cor forte da camiseta, a voz forte, o sorriso - tudo nele me parecia perfeito. Eu não tinha ido com esse intuito, então foi grande minha surpresa quando me peguei pensando "caramba, que cara interessante!". Com a desculpa de registrar o evento, saquei o celular e tirei uma foto na direção dele, antes que ele atravessasse o círculo de cadeiras buscando um lugar melhor. Mas logo tratei logo de tirar isso da cabeça.

Durante o bate-papo, me senti como se estivesse sendo observada. Eu, já estando interessada, pensei em moldar meu comportamento para também atrair atenção, mas depois pensei: "Que nada! Não vim aqui prá isso e eu sou do jeito que sou! Ponto!". Fiz de tudo para tirar aquela atração imediata do meu foco, mas quando iniciaram-se as pinturas, ele começou a pintar o rosto da menina que sentava ao meu lado. Pontinha de ciúmes. Queria ter sido eu. Até porque a pintura estava superelaborada, fiquei embasbacada com o talento do pintor. Ele inclinado sobre a menina se concentrando na pintura, e eu, sentindo uma energia muito intensa vindo dele prá mim. Ali eu vi que eu queria muito, muito a sua atenção. Mas um outro veterano tirou-me dos meus pensamentos e veio pintar meu rosto também. Não com a mesma maestria mas... O negócio era nos divertirmos!

Na saída, o grupo com o qual eu me dirigia pro ônibus da faculdade conversava animadamente. Eu voltava a mergulhar nos meus pensamentos. Decidi que tinha que tirar aquilo tudo da cabeça, que minha intenção era me dedicar aos estudos, não mais a essas coisas de coração... Até porque, das pouquíssimas palavras que trocamos eu não devia imaginar nada! Algo me dizia que eu ia quebrar a cara - talvez a experiência?? Talvez a assustadora forma com que a atração me tomou? Não importava, eu já tinha me decidido.

Já no portão, conversando animadamente com meus novos amigos, somos interrompidos pela figura com sua camiseta berrante. Era um veterano querendo genuinamente auxiliar aos novos alunos. Demos todos umas boas risadas, ele me cumprimenta como quem cumprimenta um parceiro de futebol - e eu fico desconcertada. Conversa vai, conversa vem, ele se aproxima de mim, toca meu ombro:

- Poxa, eu tô aqui preso aos meus calouros, mas eu tenho que ir...

E se despede. Sigo-o com o olhar enquanto ele se vai, lutando por dentro contra a vontade de que ele ficasse. Eu queria saber seu nome, e retomando minha atenção aos colegas que estavam em volta, pude registrar: Juan. Eu o buscaria depois na rede social, talvez descobrisse mais sobre ele... Mesmo que meu lado racional me gritasse "esqueça!".

Que seja!
Um brinde aos começos!!