sábado, 4 de maio de 2013

Talvez

Os olhos se cruzam. Brilhos desencontrados. Há algo de estranho no ar que ela não consegue identificar... Falta vivacidade! Cadê? Onde foi morar? Foi prá dentro do mar? Ela foi lá prá tentar buscar e botar de volta naquele sorriso insosso que ele esforçava. Uma onda desavisada e, quando percebeu, estava encharcada. Os dois riram e rolaram pela areia. "Você tá bem?", ele pergunta atencioso. "Claro! Agora estou...", ela sorri. Ele mencionou responder algo, mas nada saiu - apenas um suspiro entrecortado pelos pulos do coração dentro do peito. Mergulhada nos olhos dele, ela pôde enxergar a nuvem negra retornando. Ele desviou o olhar e procurou algo nos bolsos. Se afastou e ela decidiu que dessa vez não iria se preocupar. Mas era difícil não reparar as gargalhadas alteradas conforme a fumaça subia fazendo desenhos no céu avermelhado de outono. Ela só queria levá-lo pra casa, enrolá-lo em seu edredom e entoar cantigas. Ele só sonhava acordado com aqueles lençóis. Talvez um dia ele tivesse coragem. Talvez ela não se chatearia com a surpresa. Talvez seria bom fazer companhia à ela. Talvez fosse bom dividir aquela cama que parecia tão gigante... E no talvez, afogaram suas noites.

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